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Resenha - Um estudo histórico sobre os arquétipos, simbolismos e as manifestações femininas do inconsciente

By imagem Eu Sonhadora
 

A grande mãe - Um estudo histórico sobre os arquétipos, simbolismos e as manifestações femininas do inconsciente, livro de Erich Neumann, Editora Cultrix, é a perspectiva do princípio gerador, a criação, a vida dentro da análise do arquétipo da Grande Mãe ou do Grande Feminino.

 

A problemática do Feminino tem exatamente o mesmo significado para psicólogos da cultura, que reconhecem que a ameaça à humanidade atual assenta-se, em grande medida, no desenvolvimento patriarcal unilateral da mentalidade masculina, que não é mais compensado pelo mundo ‘patriarcal’ da psique. É nesse sentido que a apresentação de um mundo psíquico-arquetípico do Grande Feminino, que tentamos com o nosso trabalho, é também uma contribuição para o estabelecimento de uma futura terapia da cultura.

 

Erich Neumann estudou com C. G. Jung entre 1934 e 1936, foi psicólogo analítico e membro fundador da Associação Internacional de Psicologia Analítica, além de presidente da Associação Israelense da Psicologia Analítica. Seu trabalho é conhecido por seus estudos da teoria do desenvolvimento feminino. O autor propõe, por exemplo, que o homem ocidental precisa desenvolver a totalidade psíquica por meio de uma síntese que envolva o feminino atingindo, dessa forma, “a totalidade psíquica, na qual o consciente esteja criativamente unido ao conteúdo do inconsciente”.  

 

Dividido em duas partes e catorze capítulos, a obra destrincha as bases psicológicas profundas por intermédio de um conjunto de símbolos (imagens e mitos da humanidade). Na primeira parte, o autor versa sobre a estrutura do arquétipo, sua expressão simbólica por meio de imagens psíquicas específicas.

 


A dinâmica do arquétipo manifesta-se principalmente pelo fato de ele determinar o comportamento humano de maneira inconsciente, mas de acordo com leis e independentemente das experiências de cada indivíduo. “Como condição a priori, os arquétipos representam a instância psicológica especial que os biólogos chamam de ‘padrão de comportamento’, que confere a cada ser vivo sua natureza específica”. Esse componente dinâmico do inconsciente exerce do indivíduo, que é guiado por ele, uma pressão irresistível e sempre vem acompanhado por um forte componente emocional.

 

Neumann continua explicitando como ocorre a formação e desenvolvimento da imagem de O Grande Feminino e a Grande Mãe, desde o estágio do ouroboros. O ouroboros é a imagem da serpente circular que morde a própria cauda e representa o estágio inicial psíquico ou ‘arquétipo primordial’. O feminino, por sua vez, tem o caráter duplo que é o elementar e o de transformação implicando na maneira de interpretar a experiência que o Feminino tem de si e a que o Masculino tem do Feminino. O caráter elementar é o ponto conservador, estável, do feminino; já o caráter transformador destaca o elemento dinâmico da psique, fazendo jus ao seu nome, transforma, modifica desligando-se cada vez mais do caráter elementar e adquirindo independência.

 

Esses dois tipos de caráter não se excluem desde o início; ao contrário, integram-se e interligam-se sob múltiplas formas, e somente em constelações muito raras e extremas conseguimos detectar isoladamente. No entanto, apesar de ambos estarem presentes ao mesmo tempo grande parte das vezes, observa-se, quase sempre, a dominância de um deles.

 

Desde os primórdios, o simbolismo central do feminino, segundo o autor, é a representação do vaso, “A vivência do corpo como vaso é comum a todo ser humano e não só restrito ao feminino”. Podendo representar todos os orifícios corporais, ou seja, a experiência do interior com o exterior, onde o interior é “obscuro e desconhecido”, o inconsciente. Apesar desse simbolismo do vaso ser primitivo, ele ainda é intenso para o homem moderno. Porém, para o patriarcado a semente do masculino é o elemento criador e o Feminino, enquanto vaso, apenas um “domicílio fugaz”, o que gera repressão ao feminino.

 

A Grande mãe se manifesta de forma diversa, boa ou perversa, sombra ou luz, sua  compreensão é diversa e se manifesta na mulher como o “eterno feminino”, está viva na mulher moderna em sonhos, ritos, arte, obsessões, relacionamentos, etc. “é a encarnação do self feminino que se desenvolve ao longo da história, sua realidade é que se estabelece os parâmetros da vida tanto individual como coletiva”.  Ainda assim, vivemos numa sociedade patriarcal e repressora, é necessário resgatar e compreender todas as nuances desse feminino ou arquétipo da Grande Mãe...


11 comentários:

  1. Oi Lilian.

    Achei sua resenha maravilhosa. Trouxe um livro totalmente desconhecido, mas pela sua opinião é um livro importante que merece atenção. Especialmente se tratando de interpretar o Feminino na literatura. Caso apareça uma oportunidade, vou dar prioridade para leitura.

    Bjos

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  2. Oi, tudo bem?
    Eu ainda não conhecia o livro e talvez se o visse em uma livraria não me interessaria. Mas lendo a sua resenha me pareceu uma leitura tão interessante e necessária. Acredito que o livro traz uma análise do Feminino e suas representações. Fiquei interessada em ler e vou recomendar para amigas que acredito que se interessem pelo tema também.
    Beijos

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  3. Oi Lilian!

    Eu já comentei aqui que adoro essas leituras pois sempre me trazem visões diferentes sobre mim mesma e sobre como eu sou inserida na sociedade, mas não só eu, como todo mundo. Adorei saber suas considerações sobre a leitura e eu já preciso desse livro pra ontem, adorei teu texto!!

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  4. Gostei muito da proposta de leitura, o livro é total novidade para mim, fiquei bem curiosa com todo o conteúdo desenvolvido na leitura, espero ter chance de conhecer melhor.

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  5. Oi, Lilian! Nossa, eu amo livros teóricos, mas não leio quase nada voltado à psicologia. Confesso que fiquei meio perdida na resenha pelo teor teórico (pois ele não parece mto para iniciantes), mas gostei muito do modo como você a fez e me deixou curiosa. Com certeza, é um livro que me interessa bastante. Vou deixar na wishlist, com certeza! Obrigada pela dica!

    Love, Nina.

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  6. Oi Lilian, tudo bem?
    Li a resenha devagar e com cuidado porque eu confesso que o título me deixou com um pé atrás por ter achado que não ia entender nada dele. Acabou que eu achei bastante interessante esse estudo do Feminino na Psicologia. Como não li o livro, então não posso opinar de forma clara sobre ele, mas parece ser uma leitura interessante.
    Um beijo de fogo e gelo da Lady Trotsky...
    http://wwww.osvampirosportenhos.com.br

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  7. eis mais um livro pra que eu me apaixone e ame graças as suas resenhas e indicações <3 é sempre necessário ler e saber sobre os arquetipos femininos que fazem parte da nossa identidade.

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O Poesia na Alma pertence ao universo da literatura livre, como um bicho solto, sem dono e nem freios. Escandalosamente poéticos, a literatura é o ar que enche nossos pulmões, cumprindo mais que uma função social e de empoderamento; fazendo rebuliço celular e sexo com a linguagem.

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