sábado, 27 de abril de 2024

Dois poemas de Luís Veiga Leitão

 


LATITUDE

 

Que nos cubram de ameaças e de espanto

que nos cortem as asas 

mas o canto

voa muito mais largo do que as penas

  

(Poemas do livro “Ciclo De Pedras”, Editora Portugália, 1964)

 

PRISIONEIRO

 

O prisioneiro é como navio

preso ao cais. Amarras de desterro

com ferragens de noites a fio

e redes de ferro.

Do casco que um vento negro impele

caiu-lhe a pintura, o próprio nome.

Mas o mar está dentro dele

e não há força que o dome.


(Poemas do livro “Ciclo De Pedras”, Editora Portugália, 1964)

 

Sobre o autor

Luís Maria Leitão, mais conhecido pelo pseudônimo de Luís Veiga Leitão, foi um poeta e artista plástico português, membro do grupo literário Germinal. Foi um militante antifascista, sendo obrigado a exilar-se devido à perseguição pelo Estado Novo.

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