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Resenha - O bandido que virou santo, de Natanael Sarmento



Mais uma cortesia recebida da Chiado Editora é sinal de resenha por aqui... O bandido que virou santo foi publicado em 2015, de autoria do escritor potiguar Natanael Sarmento. Nos primeiros anos do século XX, o progresso viria se estabelecer nas terras nordestinas, devido ao vapor da Great Western, a luz elétrica e ao telégrafo. A paisagem das cidades e dos campos, seria modificada. Nesse processo, tais modificações seriam a causa de êxodos rurais por parte de grandes proprietários de terras, indenizados por tais empresas. Diferentemente dos trabalhadores de tais locais, que sem um vintém, haveriam de encarar a expulsão com 'uma mão na frente e outra atrás', por não pertencerem à classe favorecida...

"O êxodo, despejo ou retirada melancólica dos que partiam sozinhos, ou em grupos, as míseras pertenças, as muitas dúvidas. Onde encontrar Terra para semear e colher? Sabiam que deviam partir, não podiam ficar, que deviam buscar outra freguesia. O Progresso chegava com a futura estrada de ferro, eles representavam o atraso, o passado, deviam partir."

Cascavel outrora foi José Presciliano, filho de seu Mestre Francisco, um dos homens que se viram de repente sem terra e sem lar devido à ambição de seu antigo empregador... Ameaçados, humilhados e expulsos, tiveram que enfrentar dificuldades para encontrar um novo recanto, mas por ironia do destino, sofreram os horrores diante da 'Lei'...

Querendo se vingar por tudo que aconteceu desde que deixaram sua terra natal, o garoto comete um crime, e perseguido pela Justiça, acaba encontrando o bando de cangaceiros de Tião Brilhantina. Depois de provar que era corajoso o bastante para não ser morto pelo grupo, acabou caindo nas graças do líder, e a partir daí seguiu por um caminho sem volta, na criminalidade do cangaço, enfrentando os homens da lei, os coronéis e o ódio crescente que habitava dentro de si, por toda injustiça que sofreu em vida...

"Assim a glória desse mundo: alguns manda, muitos obedecem. Abandonar tudo que construiu naqueles sítios, a última ordem do Coronel Abelardo. Ele mesmo determinou o valor da indenização,sem dar cabimento a reclamos."

O Folhetinista é nosso narrador, e através de sua novela traça um perfil da figura bandida/marginal/justiceira do Cangaceiro, bem como denuncia através do campo 'ficcional' os desmandos de uma sociedade corrompida, com uma política suja, perpetrada por homens poderosos e de influência econômica que visam explorar o mais humilde e trabalhador.

O bandido que virou santo faz referência a história do cangaço, do coronelismo, exploração da mão de obra rural  pelo latifundiário, ao messianismo presente no povo sertanejo, bem como ao imaginário popular que permeia na literatura de cordel sobre o papel do Homem do Cangaço para os pobres, uma espécie de Robin Hood do nordeste, que através da violência cometida contra os poderosos, há de fazer um pouco de justiça aos menos favorecidos, já que a 'lei' acoberta justamente aqueles que possuem dinheiro e poder.

"Nos estudos, das formas arcaicas dos movimentos sociais, Eric Hobsbawn consagra a expressão banditismo social. Ela define o papel social do cangaceiro. Lendários fora da lei, não raro, admirados e cantados em prosa e verso. Não são insurgentes políticos, nem perseguidores  religiosos. Eles emergem e se desenvolvem no contexto social ruralista, atrasado e pobre, do capitalismo agrário."


Leitura de nível atemporal, que serve como ponte para entender certas passagens de nossa História ruralista, bem como as lutas pelos direitos proletários, o abuso de autoridades e a fé do povo nordestino, tão incrustada em nossa cultura - simbolizando alento diante das dificuldades diárias...



38 comentários:

  1. Olá!
    Apesar de não conhecer esta obra, achei muito interessante. E a forma que você resenhou, nos deixa bastante curiosos e com vontade de lê-lo.
    Gosto muito de ler sobre o nosso povo nordestino e suas labutas.
    Beijos
    Cássia Pires

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  2. Um livro com história rural muito interessante, tá ai algo legal para se abordar na literatura O Cangaceiro e você coloquei bem Robin Hood do Nordeste.
    Este livro não conhecia da Chiado, mas gostei da premissa.

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  3. Val, sou uma apaixonada pelo Cangaço e admiradora de Lampião e Maria Bonita, comecei a ler esse livro, mas, infelizmente, não consegui concluir, porém, o pouco que li, gostei bastante.

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  4. Que bacana sua resenha, eu adorei! Completa e me deixou com vontade de ler este livro, que ainda não conheço.
    Gosto muito dos livros da Chiado e este já foi pra minha lista
    O tema é ótimo, gosto de estudar sobre o Cangaço. Gostei muito da capa e acho que o título O bandido que virou santo, chama a atenção e desperta curiosidade
    Bjs

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  5. Eu tenho uma admiração enorme por histórias nacionais e regionais, esse tipo de literatura muito me atrai, o Romance de Folhetim, difundido no Romantismo, transporta a gente quando lemos. Ainda não conhecia o autor e sua obra, mas com certeza a dica foi anotada, pois gostei muito do enredo!
    Abs
    www.entrelinhaseafins.com.br

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  6. Achei o livro, de fato, muito interessante e acredito que a leitura seja muito rica. Não é bem o meu estilo literário mas com certeza eu gostaria de lê-lo.

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  7. Lilian eu sou apaixonada por livros nacionais e conhecendo agora sua resenha e a indicação me vi mais encantada, me senti atraída principalmente por essa capa, pretendo ler em breve, vou anotar no meu caderninho.
    Beijinhos

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  8. Olá Maria, tudo bem?

    Esse é mais um livro que fico conhecendo aqui no blog, gostei demais da premissa e já quero ler pra ontem, vemos poucos livros que abordam o cangaço brasileiro e esse parece ter uma história e tando, vou até compratilhar...ótima dica...bjs.


    http://devoradordeletras.blogspot.com.br/

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  9. Olá,
    Desconhecia a obra e achei bem interessante saber um pouco mais sobre ela.
    A premissa chama a atenção pelo retrato que faz do êxodo e a imagem sobre o cangaceiro tão presente para o povo nordestino.
    Confesso que não é uma obra do meu cotidiano de leitura, mas adoro desafios e sair da zona de conforto. Então, anotei a dica de leitura que é rica em cultura.

    LEITURA DESCONTROLADA

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  10. Olá Váleria, tudo bem?
    E amei a sua resenha.
    Não conhecia a obra, mas fiquei encantada com ela. O fato de falar sobre a história ruralista, as lutas pelos direitos proletários, o abuso de autoridades e a fé do povo nordestino só me interessou ainda mais. Sou nordestina com orgulho e sei do papel que desempenhamos e da cultura que ajudamos a criar. Claro que essa obra vai para a minha lista de leituras.

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  11. O Cangaço foi tão esquecido pelos autores contemporâneos e fico muito feliz de vê-lo por aqui. Fiquei bem curioso por esse livro e adorei sua resenha retratando com clareza o que esperar do mesmo. P.S: A capa tá linda *-*

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  12. Num primeiro momento esse livro não me interessou, mas lendo a resenha me fez lembrar do livro Brilho do Sol, da Editora Xeque-matte, que eu tive o prazer de ler os primeiros capítulos e acabei me encantando!
    Acho que esse tipo de história, por mais dura que seja, tem que ser lida por todos.
    Beijos!

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  13. Oi Maria, é incrível como um problema dito regional pode muito bem ser o espelho do nosso Brasil. O Coronelismo pode até ser mais acentuado no norte/nordeste, mas basta abrir o jornal e perceber que estes desmando e corrupção estão em todo o país.
    Bjs, rose.

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  14. Parece um enredo incrível de filme ou novela com cangaceiros. Não é tão ficcional assim, né? História muito intensa.

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  15. Oi Valeria.

    Sua resenha mostrou um livro bastante interessante que não pode deixar de lado por mostrar as características
    nordestina. Adoro quando aparece livros que desperta atenção e encanta com poucas informações. Estou bem curiosa e vou adicionar na minha lista para tentar adquirir ele logo. A capa é linda e lembrou demais a literatura de cordel.

    Bjos

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  16. Olá,
    Pela premissa não me chamou a atenção, mas a sua resenha descreveu aspectos que eu nem imaginava acerca da obra.
    Realmente interessante, já que só temos mais do mesmo e é ótimo ver o passado sendo resgatado.
    Beijos
    www.estilo-gisele.blogspot.com.br

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  17. Oi Val, menina, o livro é de um autor potiguar e eu nem conhecia?!!! Adorei você trazer essa resenha, adorei a premissa e vou já correndo procurar o livro para ler. Bjs

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  18. Que resenha completa! Deixa com vontade de ler..
    Não consegui me prender com a sinopse, mas sua resenha convence qualquer um ^^

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  19. Olá, tudo bem?
    A premissa não me cativou, gostei muito da sua resenha, mas não é o meu estilo de leitura.
    Um beijo.

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  20. Olá! Esse livro não faz meu estilo de leitura, mas achei interessante. Possui um enredo bem diferente, abordando uma história que não é comum de escreverem. Sem dúvidas quem gosta de saber mais sobre a história do Brasil vai querer ler essa obra.
    Beijos!

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  21. Olá, ainda não li nada com tema semelhante, pelo menos não recentemente. Gosto de leituras que tragam um pouco da História das pessoas simples do nosso país, e quantas não acabam sem opções como o Cascavel?!

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  22. Oi, Val! Que temática forte, não é? Não faz muito meu estilo de leitura, porém parece ser bem interessante devido a sua premissa, o que mais me chamou atenção foi essa capa maravilhosa porque nem sempre consigo gostar das edições da Chiado... Porém, com certeza, essa está impecável :D Não sei se conseguiria ler algo assim, mas vou anotar a dica! Parabéns pelo post.

    Um beijo, Carol
    Blog com V.

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  23. Oi! Adorei a premissa!Sempre maravilhoso conhecer um pouco mais sobre a história do nosso país. Fora o prazer de "viajar" pelos cenários do nosso Brasil.
    Beijo! :*

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  24. Olá!

    A Chiado Editora arrasa demais, esse livro infelizmente não conhecia mas adorei saber que ele retrata uma parte do Brasil e também a parte rural que é tão pouco falada, amei sua resenha! Obrigada pela dica!

    Beijos!
    Jess
    www.pintandoasletras.com.br

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  25. Oi Val.
    Otima resenha.
    Definitivamente nao é um estilo que eu leia, mas a história me interessou e a parece ser muito bom pra conhecer mais da cultura nordestina. Dica anotada.

    Beijos
    http://aventurandosenoslivros.blogspot.com.br

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  26. Oi.
    Que legal. Ainda não conhecia a obra, mas sua resenha ficou ótima, nos passando as informações de um jeito bem legal, que nos faz querer ler mais para saber melhor. Parabéns.
    Beijos.

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  27. Achei a história muito rica e bem contada, não é?
    Sua resenha está magnífica! Parabéns!

    Eliziane Dias

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  28. Olá, não conhecia a obra e já fiquei curiosa...que resenha incrível!
    Anotei a dica aqui, espero lerem breve para conferir também.

    Super beijo

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  29. Olá!

    Não conhecia a história, mas parece ser incrível só pelo fato de ser atemporal, facilitando nossa identificação com um ou mais personagens. Espero ler o mais rápido possível.

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  30. Olá!
    Apesar dos temas bem pertinentes, a história não faz muito o meu estilo, mas acredito que leria só para matar a minha curiosidade mesmo, porque parece ser muito bem escrita.
    Beijos.

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  31. Oie
    que legal, gostei dos temas apresentados e parece ser uma leitura diferente do estou acostumada, o que instiga mais minha curiosidade, legal a dica

    beijos
    http://realityofbooks.blogspot.com.br/

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  32. A narrativa é a minha maior preocupação no enredo, porque eu acho que não vai me prender, mas em geral eu realmente achei a história e o cenário onde ela se passa bem interessante.

    http://laoliphant.com.br/

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  33. Oi, tudo bem?
    AAAAA, você por aqui no Poesia na Alma, que bacanaaa! Desde já, adorei a postagem! Não me lembro muito bem, mas acho que vi essa capa em alguma rede social por aí e confesso que achei bem bacana, além do mais o enredo pretende ser super interessante pelos seus comentários. Gostei do que você citou, achei incrível este livro abordar tantas temáticas assim e além de tudo, achei bem criativa da sua parte o 'Robin Hood do nordeste'. Espero ler logo, logo!

    Beijos,
    Lu - http://justificou.blogspot.com/

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  34. Me interessei muito por esta obra, especialmente por ser um livro com cangaceiros. Meu pai é de São José do Campestre bem no interior e minha avó conta um monte de histórias assim. Apesar da narração eu acho que tentaria dar uma chance pra poder compartilhar com minha avó.

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  35. Oi Maria, sua linda, tudo bem?
    Pelos temas aqui retratados, achei que essa obra poderia ser adotada até nas escolas. Vingança é um escolha ruim, quem perde e sempre você e não tem nada a ver com Justiça. Gostei muito da dica. Sua resenha ficou ótima!!!
    beijinhos.
    cila.
    https://cantinhoparaleitura.blogspot.com.br/

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  36. Olá,

    Não conhecia o livro, mas só pelo título já me deixou instigada. O enredo parece ser bem divertido, com certeza irei dar uma chance.

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  37. Pois esse escriba se sente muito honrado, e mais ainda, contemplado, com a resenha do seu folhetim. E gratificado com todos os comentários, afinal, se o sentimento mais trágico da vida é a morte, a morte do escritor é a solidão, a solidão de não ser dignificado com um comentário, uma resenha, uma crítica, não ser lido para o escritor é mais trágico que a morte, porque é morte sem o sentimento de haver existido. Agradeço, imensamente, ao olhar da resenhista, na opinião do autor, ela foi capaz de olhar e enxergar, e isso não é para qualquer um. Dessa terra Nordestina, onde a flor nasce na pedra, sequer sei se calha bem essa minha intromissão, por indevida ou inoportuna, se foi o caso, minhas escusas e sinta-se bem a vontade para apagar o atravessamento, ou como dizemos por aqui "deixar o dito, pelo não dito".

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O Poesia na Alma pertence ao universo da literatura livre, como um bicho solto, sem dono e nem freios. Escandalosamente poéticos, a literatura é o ar que enche nossos pulmões, cumprindo mais que uma função social e de empoderamento; fazendo rebuliço celular e sexo com a linguagem.

Instagram: @poesianaalmabr