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Inspiração (Carta de Apresentação) / J.M. Gouvêa

 


Olá, tudo bem? Você vem sempre aqui? Espero que sim…

Recebi um convite estupendo para contribuir com considerações e um pouco de informação aqui no site Poesia na Alma. Mesmo ainda atravessando um período de transição e mudanças, resolvi não postergar minha participação. Diferente do que costumo fazer em quase tudo na vida, começo esta jornada sem a menor ideia de por onde irei. Mas o certo é que irei.

 

Acredito que o ideal seria uma breve apresentação. Se eu tiver êxito, ela carregará consigo algumas observações referentes à Inspiração: Musa tão amada e odiada por todos nós. Espero também que durante a exposição de minhas experiências, as suas do mesmo modo sejam reavivadas e que isso gere um pouco de conexão através desta fria tela de vidro.

 

Tudo começou antes mesmo de eu nascer. Meu pai sempre gostou de escrever. Crônicas e poemas eram sua especialidade, embora os números de sua carreira de contador se aglomerassem como um obstáculo. Ainda bem novo, tive contato com algumas de suas criações e isso me marcou profundamente. Principalmente suas crônicas. A prosa gerava interesse e as histórias eram peculiares. Tive vontade de contar as minhas, mesmo que ainda não as tivesse.

 

Eu sou o mais novo de três irmãos. Bem mais novo. Oito anos me separam de um e onze do mais velho. Por isso, sempre tive contato com filmes, músicas e assuntos um pouco além do padrão da minha idade. O rock ‘n roll se fez presente desde cedo em todos os matizes possíveis. Obras de ficção também, em um espectro igualmente variado indo do terror à fantasia. Influências em um cérebro em desenvolvimento. 

 

Por volta dos doze anos no Colégio Militar durante uma aula de Português, minha turma foi convidada a criar um poema em duplas. Confesso que fui bem individualista, embora a negligência da minha parceira de tarefa tenha aliviado minha culpa. O poema era intitulado “Quando” e foi lido pela professora para a turma toda como um exemplo de esmero e criatividade. Fiquei envaidecido.

 

Os versos mencionavam bestas, trevas, faíscas. Bem diferentes dos de meu pai, que me inspiraram anos atrás, mas condizentes com o que eu consumira nas mais diversas mídias até então. Obviamente no final de semana seguinte, levei o poema para ele avaliar. Sua cara de espanto e orgulho fincou definitivamente em meu coração a vontade de repetir aquela reação tão genuína. Decidi que tentaria emocionar outras pessoas.

 

Na música encontrei um meio de usar minhas rimas, porém na língua inglesa. Sempre me interessei pelas letras impressas nos encartes. Identifiquei que a música ganhava sabor acentuado quando se entendia o que estava sendo cantado. Tinha facilidade em reproduzir aquilo e adorava como meus versos soavam nas melodias que eu e meus amigos compúnhamos.

 

Porém a escrita de poemas nunca cessou. Exorcizar medos, traumas e angústias na forma de poesia sempre fez parte do meu processo de autoconhecimento. Porém sempre adotei um ar jovial e, por vezes, jocoso para com meus amigos e parentes. De maneira que quando se deparavam com meus versos fúnebres e melancólicos se punham a conjecturar problemas inexistentes.

 

No início até eu estranhava, contudo após algumas reflexões aceitei que o processo de criação em geral é assim. Consumimos o que nossos sentidos processam do mundo à nossa volta e devolvemos para ele uma reorganização de conceitos. A Arte nada mais é do que um anagrama da realidade.

 

E naturalmente você pode imaginar que nem sempre nossa arte está diretamente relacionada com o que consumimos. Se não fosse assim não existiriam novos estilos. Nem diferentes formas de música, pintura, escrita, etc. Estaríamos ainda prostrados diante de pinturas rupestres iluminadas por uma fogueira.

 

Qual o seu jeito? Seu material é mais parecido com o que seus ídolos produzem ou é um monstro de Frankenstein, composto pelas mais diferentes inspirações? Até nosso próximo papo, viva a sua história!


11 comentários:

  1. Olá,
    Achei bem interessante, eu nunca parei para pensar sobre isso que a diferença entre o que produzimos e o que consumimos e faz bastante sentido quando paro para pensar. No meu caso gosto de desenhar, mas gosto de ver todos os tipos variados de arte comecei a pouco tempo ler poemas e espero ler mais sobre essas reflexões.

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    1. Obrigado pelo comentário! É incrível como as diferentes formas de arte influenciam umas as outras. Até a próxima!

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  2. Olá, tudo bem?
    Adorei o texto e ver um pouco sobre como sua relação com a escrita vem sendo construída. Por não ser escritora, eu sempre me questiono como é o processo de escrita de cada autor, como cada um desenvolve seu estilo e o que os inspira. Mas tenho uma percepção que acho que se aproxima da sua. Acredito que a escrita, como outras formas de arte, vem uma combinação das experiências pessoais, das inspirações e do que sentimos observando a realidade.
    Um abraço

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    1. Obrigado pelo seu comentário! Realmente, concordamos neste aspecto. Até a próxima!

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  3. Que texto incrível. Muito bom, é bonito saber como foi a nossa inspiração para escrever😁😁😍😍
    Meu pai é uma das minhas maiores referências para as artes, já que ele era músico.

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    1. Obrigado pelo seu comentário! Quem bom que gostou do texto. Legal saber desta nossa conexão comum com nossos pais. Até a próxima!

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  4. Oi, tudo bem? Achei essa carta bem interessante, ainda mais pela criatividade. Acredito que nosso jeito ou personalidade vai mudando com o tempo. Temos influência sim de tudo o que consumimos, mas é preciso ter uma identidade própria para nos diferenciar e não ser "mais do mesmo". Um abraço, Érika =^.^=

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    1. Érika, obrigado pelo seu comentário! De fato, devemos buscar nossa singularidade!

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  5. Oi, tudo bem? Achei essa carta bem interessante, ainda mais pela criatividade. Acredito que nosso jeito ou personalidade vai mudando com o tempo. Temos influência sim de tudo o que consumimos, mas é preciso ter uma identidade própria para nos diferenciar e não ser "mais do mesmo". Um abraço, Érika =^.^=

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  6. Olá!!! Que bom que você não postergou a sua participação. Seu texto está incrível!!
    Gostei muito de saber um pouco sobre a sua relação com a escrita.
    Não sou escritora mas a maioria dos autores que acompanho de perto fazem um Frankenstein com suas inspirações.

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    1. Camila, muito obrigado pelo seu comentário e pelo carinho!

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