Resenha - Primeira Aparição da Manhã, de Luciana Andradito

 

Primeira Aparição da Manhã (Editora Toma Aí Um Poema, 2022), livro que reúne poemas produzidos entre os anos de 2008 e 2022, também é a primeira aparição da multiartista Luciana Andradito entre os versos. A seleção de poemas antecede o alvorecer e mostra a evolução e diversidade do estilo da autora. Dividido em quatro partes: Lusco Fusco, Breu, Madrugada e Aurora, o livro brinca com a sucessão da luz e da sombra, dos inícios e dos finais.

 

O entardecer de Lusco Fusco traz o cotidiano, do batom que abre na bolsa aos bichinhos da esperança e da fome de histórias. Ao substituir a folha branca pelas páginas negras, Breu conduz aos desencontros da noite, que se refazem na Madrugada, que é dos amantes e das palavras. Ao fim, Aurora prepara o vislumbre do título. Mas essas definições não esgotam a abundância que Primeira Aparição da Manhã transparece. Nas palavras e nas imagens, a existência é uma luz que irradia vida e supera a concretude e a dureza. Há poesia na rotina e no amor, em seus encontros e desencontros.

 

Assuada

 

em mim só existe

o silêncio de

um pulso

se pudesse organizar meus sons

faria calar alguns pensamentos

 

Os poemas jogam luz sobre os amores, as paixões, a situação da mulher, o cotidiano e, claro, a iminência da manhã, como uma ânsia pelos inícios e pela vida. As ilustrações de Andrey Tamarozzi ampliam a significação do deslumbramento que Luciana apresenta a quem se entrega a sua escrita. Entre círculos e ciclos, o infinito mostra-se de pernas para o ar, contemplando a aurora.

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