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Amarelo, cor de saudade / Clandestino [L,C]

 



AMARELO

 

Amarelo, cor de saudade,

cor da flor, do sol amarelo.

Amarelo, cor de vontade,

cor da praia e de seu chinelo.

 

Amarelo é a cor do mar,

é cor de verão, é cor de milho.

A cor de criança correr e brincar.

A cor do choro de nosso filho.

 

Amarelo, cor de saudade

e sua cor; cor de pele

de gente que é só bondade.

Cor do ferido; cor de quem fere.

 

Amarelo, cor de saudade.

Saudade de cor amarela.

Tua falta pela cidade.

Saudade de mim, saudade dela.

 

 

 

AS RUAS

 

Pai nosso que estais no céu

será que pisas nesse chão?

Asfalto rachado e quebrado

como o solo do sertão.

Se por lá ainda é vivo,

aqui ele não é não.

 

Meio-fio, lixo e resto.

Asfalto, cimento e tráfego.

É terra de puta e pobre,

barata, aranha e rato

dividindo o mesmo assunto,

compartilhando o mesmo espaço

 

Ladrilho encardido de merda

é dormitório ao relento

que dispõe de sujeira,

chuva, frio e vento,

e algumas barracas estúpidas

loteadas por dentro.

 

Acham-se jogados pelos cantos

bêbados, sábios e profetas.

Em outros largos e praças

artista, bandido e poetas,

unidos por droga e cachaça

e tudo que a bunda defeca.

 

As cores são sempre iguais

caia a noite ou nasça o dia;

cinzenta, ensanguentada, suja,

cruel calçada fria,

só quente e aconchegante

pra quem vive na Vila Olímpia.

 

Assim na terra como no céu

cinza chumbo contaminado.

A terra sagrada corrompida,

o chão duro profanado.

No enfermo solo há vida:

as ruas de São Paulo.

 

 

Sobre o autor

Carlos Lopes tem 22 anos, é graduando em Letras pela Fundação Santo André. Escreve poesia desde os 12 ou 13 anos de idade quando conheceu os poetas ultrarromânticos. Publicou meu primeiro livro, Aurora – Ed. Penalux, em 2021 com poesias escolhidas e trabalhadas a dedo, e um conto de abertura. Recentemente adotou o clandestino como Eu-lírico responsável por assinar as poesias por ser ele, na minha visão, a definição perfeita dos não-privilegiados do mundo.

 

Instagram: @clan.des.ti.noo

Um comentário:

  1. Oi Lilian!

    A cor Amarelo nunca mais será a mesma depois dessa poesia. Versos sensíveis e ao mesmo tempo profundos. Espero a oportunidade de ler mais poesias aqui no seu blog. Parabéns pelo post, adorei!

    Bjos
    https://consumidoradehistorias.blogspot.com/

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O Poesia na Alma pertence ao universo da literatura livre, como um bicho solto, sem dono e nem freios. Escandalosamente poéticos, a literatura é o ar que enche nossos pulmões, cumprindo mais que uma função social e de empoderamento; fazendo rebuliço celular e sexo com a linguagem.

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