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Eu sinto o desfolhar de minha vida / Paulo Lucas Santos Fares

 


VANITAS

 

Vaidades fúteis, fúteis vaidades...

Delas este mundo insano é cheio;

Triste fato! Tanta vez neguei-o

Crendo em sonhos e irreais bondades!

 

Tanta vez quis crer! Ó pobre Cândido...

Pintando o mundo em vívidas cores,

Jamais pensei que em lúgubres dores

Tal mundo é forjado, triste e lânguido!

 

Tal como gravura em monastério,

Que aplica medo aos pobres fiéis,

Este mundo diz: “Vós, se podeis,

Sofra sem queixa até o cemitério!

 

Suporte o fremir dos meus rigores;

E a de minha mão sombra funesta!

Nenhuma outra opção enfim lhe resta:

Da Vida o espinho ou da Morte as flores!

 

Suporte – sem prantos ou fraqueza!

Sofrei qualquer Dor pesada e dura...

E verás, numa glória futura,

Toda a justiça da Natureza!

 

Pois que da luta um justo final

Espera quem seu sangue verteu

No solo desta vida, e que no Céu

Senta-se ao trono, enfim, divinal!”

 

Belas letras!... Vãs solenidades!...

Nelas crer: é sim o meu desejo;

Mas por onde vou somente vejo

Vaidades fúteis, fúteis vaidades...

 

 

AMARGO ADEUS

 

Eu sinto o desfolhar de minha vida

Que nem no Outono a folha envelhecendo;

E como Jean Valjean errante e horrendo

Eu sofro sem o Amor me dar guarida.

 

Resisto, com minha alma esmaecida,

E toda a minha Dor vou escondendo;

Nem mesmo vós, leitor, se estás me lendo,

Decifra o quão minha alma anda sofrida!

 

Contemplo num espelho a minha fronte

Enquanto, a murmurar, ouço Caronte

Na barca me levando a não sei onde...

 

E eu vivo perguntando o meu Destino,

Mas nada em meu entorno me responde

E eu digo adeus aos sonhos de menino...

 

Sobre o autor:

Paulo Lucas Santos Fares é um estudante de Letras pela Universidade Federal de Pernambuco, nascido em 25 de fevereiro de 1999 na cidade do Recife. Atualmente participa de antologias e concursos de poesia, além de divulgar seus textos em plataformas como Medium e Trema.

 

Instagram: @paulolucasfares


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