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No fundo de cada poema tem um cheiro | de Luciana Andradito

 


SOBRE UNIVERSOS PARALELOS

 

a gente

aprende bem cedo

que é preciso fazer escolhas

 

quando decidimos

não estamos escolhendo um lado

fazendo o certo ou errado

 

ao preferir algo

estamos determinando

uma possibilidade entre muitas

 

e isso faz com que

nossos afetos abram

universos em multiversos

 

AFUNDO DO POEMA

 

no fundo de cada poema

tem um cheiro, uma cor

um mistério, um sabor

 

ao fundo do poema

uma curva no infinito

em mar de palavras aflito

 

o fundo de cada poema

carrega um peso preso

em seu fluído avesso

 

afundo do poema

tem o poder da palavra

lavrada na língua do peito

 

 

JOELHOS RALADOS EMBAIXO D’ÁGUA

 

meu coração é alguém chorando

num fim de tarde chuvoso

de uma avenida movimentada

esperando que alguém perceba

 

meu coração é canal

que antena não sintoniza

granula remotos cinzas

em chiados de interferências

 

meu coração é pedra

que alguém joga por cima d’água

movimenta matéria sólida e líquida

formando suas ondas próprias

.             .                    .                            .                              .

meu coração é todas as coisas que não foram ditas

como joelhos ralados embaixo d’água

sangue que tinge envolta aberto mar

poesia que não quer terminar

 

Sobre a autora:

Luciana Andradito, nordestina nortista nascida em Fortaleza-CE em 1989, beira o Bico do Papagaio e vive em Araguatins-TO. Retratista de instantes, cartógrafa de sentimentos e mediadora cultural. Formada em Teatro pela Universidade Federal do Tocantins. Publicou o livro de poemas Primeira Aparição da Manhã, editora Toma Aí Um Poema, 2022. Integra o coletivo Escreviventes, grupo Lizete e a equipe de poetas do Fazia Poesia.

 

Instagram: @ lucianaandradito 

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O Poesia na Alma pertence ao universo da literatura livre, como um bicho solto, sem dono e nem freios. Escandalosamente poéticos, a literatura é o ar que enche nossos pulmões, cumprindo mais que uma função social e de empoderamento; fazendo rebuliço celular e sexo com a linguagem.

Instagram: @poesianaalmabr