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Para mim o caminho mais bonito | de Jan Brasil

 



JACULATÓRIA

 

E quando os nossos olhos confessam

e quando o verbo se faz carne

nos entregamos ao profano

e eu ouço a sua súplica

 

Tomai e comei.

 

Comungamos do mesmo pecado.

Fazemos de nós, um só corpo e um só espírito.

 

Multiplicam-se os pães

e as águas convertem-se em vinho

enquanto em epifania

profetizo o júbilo

 

Tomai e bebei.

 

Sacramentado,

as duas velas se apagam.

 

Ofegante, acordo.

Em contrição, me nego

uma

duas

três

setenta vezes sete.

 

O galo canta.

 

Senhor, dizei uma só palavra.

 

APAIXONAR-SE

 

Lançar-se num abismo

com asas firmes

e ícaras.

 

Saborear amoras.

Doar o novelo.

Acompanhar o percurso do sol.

Fazer dos olhos

pingentes ao outro.

 

Repentinamente

dar com a cara no chão

e em pétalas frágeis

renascer.

 

PARA MIM O CAMINHO MAIS BONITO

 

de lá

para mim o caminho mais bonito

das lembranças bonitas

que por vezes vertem saudade

 

o respiro, o refúgio

o vento no rosto enquanto pedalo

 

a figueira branca

tão acolhedora dos meus pensamentos

aparentemente se foi daí, mas eu a sinto

 

nas nossas bikes nos aventurávamos pelas valas

e o amigo ainda circula

em algum lugar de mim

 

no escuro da minguante de dezembro

vaga-lumes me alegram, as estrelas me guiam

acolho e sou acolhido numa amizade momentânea

 

a sinapse para o rio, para um sonho passado

para o perfume das flores nas laranjeiras

de lá

para mim o caminho mais bonito

 

Sobre o autor:

Jan Brasil (Santo André-SP, 1982) é licenciado em história, pós-graduado em gestão cultural, produtor cultural, técnico em museologia, propenso às artes visuais e à poesia. De família de agricultores e operários migrantes, paulistas e pernambucanos, morou em cidades do interior de São Paulo e em bairros da Zona Leste da capital, onde reside atualmente.

Instagram: @jan_brasil_


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