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Resenha - Vidas Provisórias, Edney Silvestre



A quantas vidas provisórias estamos sujeitos?

Somos uma constante de possibilidades e vivemos à deriva das situações que tendem a mudar nossa rotina e transformar a maneira como enxergamos o mundo. Estamos evoluindo. Porém as águas nem sempre são calmas e são as tempestades causadoras de profundas marcas. Imaginem, então, um exilado na ditadura militar deixando para trás seu país de origem, sua família o seu eu para se tornar um desconhecido. Ou uma garota fugindo da sua linhagem para tentar uma nova vida em uma cultura totalmente diferente.

“Errante. Novamente em fuga. Errantes. Ele e os brasileiros que já estavam exilados no Chile desde o golpe militar que derrubara João Goulart, em 1964. De novo em vidas provisórias.”

Essas são as situações centrais que constroem o romance de Edney Silvestre, Vidas Provisórias. Terceiro livro publicado pelo jornalista, essa edição ganha o trabalho editorial da Intrínseca, com 237 páginas e uma diagramação tão intensa quanto o texto.

Paulo é torturado e exilado do Brasil na ditadura de 64 com sentença declarada pelo próprio irmão. Deixado com uma nova documentação rumo ao Chile, passa por diversos países até acabar abraçado por uma comunidade de brasileiros em Estocolmo. Ele não fala muito sobre o passado e sente-se realizado no relacionamento com a estrangeira Anna. A vida apresenta-lhe novas oportunidades, contudo as marcas são impossíveis de apagar e sobrevivem à provisoriedade.

Do outro lado, fugindo das heranças familiares, Barbara chega aos Estados Unidos ilegal e com documentos falsos. Amigos a estalam e empreendem a ela possibilidades de empregos. Nela temos a presença do medo de ser descoberta pelas entidades americana o que lhe acarreta a viver de passagens provisórias por vidas, empregos e amores inesperados.

Ambos, Paulo e Anna, estão exilados de seu país de origem e vivem os sentimentos da solidão, do estranhamento e do medo. Silvestre possibilita a seus leitores uma verdadeira viagem por diversos acontecimentos que assolaram o mundo e colocaram em transformação a vida de milhares de pessoas.

As personagens enfrentam o desafio do idioma desconhecido e isso transcrito no texto causa certa estranheza e demanda pausas para inferir do significado de algumas expressões. Importante citar que o autor ainda sim consegue trilhar até o leitor cético de qualquer conhecimento da língua inglesa com diálogos fluídos.

A leitura ganha uma nova roupagem com a diagramação. Os livros de Paulo e Anna são separados pelo contraste entre as cores preto e azul. A borda da edição também teve um acabamento especial na cor azul.

A narrativa do jornalista recebe bem todos os tipos de leitores e cria um universo inédito e ao mesmo tempo tão reconhecível.

Por R.S.Merces

   

7 comentários:

  1. Passando para conhecer o blog.
    Inicialmente não parece ser o tipo de leitura que me agradaria, vou analisar melhor.

    Estou seguindo seu blog para acompanhar as atualizações e sempre que puder fazer uma visita.
    Abraços

    http://reaprendendoaartedaleitura.blogspot.com.br/

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  2. Gosto de ler livros que tem relação com a ditadura, é assunto que sempre me interessa. Vou pesquisar mais sobre esse *-*
    beijos!!

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  3. Renan cada dia surpreende com o bom gosto literário e com super resenhas!

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  4. Eu sou simplesmente louca pelo estudo da ditadura brasileira de 64!
    Imagina se eu poderei ficar sem ler um livro desses? Com certeza vou ler!

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  5. Já disse que adoro livros que se passem em momentos históricos reais que aconteceram no mundo? Pois é. Preciso falar mais nada, hahaha, I neeed <3

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  6. livros assim não curto muito , mas achei esse livro bem legal, gostei da capa

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  7. livro interessante, mas não tenho muito habito de ler esse tipo de livro

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O Poesia na Alma pertence ao universo da literatura livre, como um bicho solto, sem dono e nem freios. Escandalosamente poéticos, a literatura é o ar que enche nossos pulmões, cumprindo mais que uma função social e de empoderamento; fazendo rebuliço celular e sexo com a linguagem.

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