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Reza de Moinho / Thiago Medeiros








Vi a menina
Cavalgar um gemido
Correndo do pai
Que tinha a mão
Cheia da cara da mãe

Vi o menino
Na estação ferroviária
Parir um embrião de fome
Pedaço de virgindade
Mutilada

Vi arrancarem
Nossos dedos a bala
E nossos dentes a tiros
Enquanto a língua
Ainda lateja

Mariele
Mariele
Mariele

Vi o fogo nas roupas
Dos que nada têm
E a firmeza nos
Aplausos de todo
Cidadão de bem


Resta uma reza
Uma última reza

Fechai bem
Os olhos
Meu Deus
Teus filhos tudo
Fazem e refazem

E abençoai-me
Rainha dos céus
Com a cegueira
Necessária
Para amar

O mundo.


Thiago Medeiros é escritor e produtor cultural em Caruaru (PE), idealizador do Encontro Literário Letras em Barro, menção honrosa no II Prêmio Pernambuco de Literatura. Aguarda o lançamento do seu primeiro livro de contos, Claro É O Mundo À Minha Volta, pela Editora Patuá.

Semana Antifascista #elenão #épelavidadasmulheres

3 comentários:

  1. Olá,
    Muito triste o poema, a mistura de pedir por uma salvação e a crueldade imediata torna tudo mais triste e real.

    Debyh
    Eu Insisto

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  2. Olá!
    Seu poema representa muito a situação triste em que vivemos. Adorei a iniciativa da sua semana antifascista. #Elenão!
    Bjs
    Lucy - Por essas páginas

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  3. Lindo e triste ao mesmo tempo, mas como a Lucy falou, diz muito sobre os dias de hoje.
    #elenão!

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O Poesia na Alma pertence ao universo da literatura livre, como um bicho solto, sem dono e nem freios. Escandalosamente poéticos, a literatura é o ar que enche nossos pulmões, cumprindo mais que uma função social e de empoderamento; fazendo rebuliço celular e sexo com a linguagem.

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