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Resenha - O Livro Completo De Bruxaria






O Livro Completo De Bruxaria, de Raymon Buckland, Grupo Editorial Pensamento, é uma edição especial do Curso Clássico de Tease-Wicca. Porém, a obra vai além da abordagem Saxônica e de dominações específicas sobre Bruxaria ou Wicca. É um alicerce para quem deseja aprofundar a prática ou conhecimento da Antiga Religião, isso por ser considerado, há 25 anos, um dos pilares sobre o entendimento da Antiga Arte que reverencia o Senhor e a Senhora.

A Bruxaria, ou Wicca, é uma religião antiga, anterior ao Cristianismo. Seus praticantes não são contra o que disse Jesus Cristo, simplesmente não se autointitulam cristãos.

Praticante da Religião Antiga, Raymon Buckland tem um grande desafio com suas obras, devolver à Bruxaria seu devido lugar na sociedade sem o misticismo demoníaco imposto pelo Cristianismo que até hoje perdura. Raymon almeja que a Bruxaria seja reconhecida como Religião no mundo e mostra como a situação melhorou desde o primeiro lançamento do livro e o fim das últimas leis que puniam a Arte. Antes de mais nada, entretanto, o autor lembra um princípio básico e filosófico da Bruxaria: “Faça o que quiser, mas não prejudique ninguém”.

A Bruxaria é uma religião muito mais relevante para esta época que a maioria das igrejas estabelecidas. É a aceitação da responsabilidade pessoal e social. É o reconhecimento de um universo holístico e o caminho rumo a uma elevação de consciência. Direitos iguais, feminismo, ecologia, sintonia com o universo, amor fraternal, cuidado com o planeta – todas essas coisas são uma parte e uma parcela da Bruxaria, a antiga e, ainda sim, nova religião.

Dito isso, se a intenção é tornar a Bruxaria uma Religião reconhecida mundialmente, o autor começa pela memória, significa que antes de falar de magia, feitiços, fitoterapia, etc., é preciso reconhecer a história e a filosofia da Arte. Entender o que é a Bruxaria, suas raízes e o motivo das perseguições. Primeiro, a desfazer um equívoco, o autor trata da diferença da Bruxaria solitária e dos covens. A Bruxaria solitária surgiu muito antes dos covens, a ideia de covens só surgiu na Escócia, em 1567, no julgamento de Bessiem Dunlops e a palavra só começou a ser utilizada em 1662, em referência a um grupo de treze pessoas que se reunia. Isso não significa que o coven tem que ser um grupo de treze indivíduos como defendem alguns escritores. Esse entendimento já desfaz algumas das informações enganosas sobre a Antiga Religião, mas é preciso ir além, viver o presente, projetar um futuro melhor e jamais negligenciar o passado.


Vinte e cinco mil anos atrás, o ser humano paleolítico dependia da caça para sobreviver. Apenas o sucesso na caçada garantia alimentos para comer, peles para aquecer e abrigar, ossos para confeccionar ferramentas e armas. Naqueles dias, acreditava-se numa multiplicidade de deuses. A Natureza era impressionante. Graças à reverência e ao respeito pelo vento impetuoso, pelo violento relâmpago, pela veloz correnteza, o ser humano deu nome a cada espírito, fez de cada uma divindade... um deus. Isso é o que chamamos de ‘animismo’. Um deus controlava o vento. Um deus controlava o céu. Um deus controlava as águas. Mas, acima de tudo, um deus controlava as caçadas, tão importantes... um Deus da Caça.

O homem paleolítico cria o ritual mágico-religioso para cultuar os deuses e principalmente o Deus da Caça e a Deusa da Fertilidade. Com o tempo, e diversas formas de rituais, foi desenvolvido o sacerdócio. Os sacerdotes e sacerdotisas passaram a ser conhecidos como sábios.

(...) na Inglaterra, no tempo dos reis anglo-saxões, o rei nunca pensaria em agir em relação a um assunto importante sem consultar o Witan, o Conselho dos Sábios.

Anos mais tarde, com o Cristianismo, houve uma tentativa de conversão em massa pelo Papa Gregório, o Grande, que começou a erguer igrejas nos lugares de Templos pagãos. Todavia, quem trabalhava na construção dessas igrejas era o próprio pagão que incorporou à decoração desses espaços figuras de suas divindades. Outro exemplo desse fenômeno de incorporação é a Trindade que é a antiga Tríade egípcia. Para o Cristianismo, a Antiga Religião era um rival que o impedia de crescer e precisava ser eliminado a todo custo, inclusive de vidas.

É natural que se queira eliminar um rival, e a Igreja não poupou esforços para fazer exatamente isso. Costuma-se dizer que os deuses de uma antiga religião se tornam os demônios da nova. E esse foi certamente o caso aqui. O Deus da antiga Religião era um deus cornífero. Portanto, aparentemente, era o demônio cristão. Aos olhos da Igreja, os pagãos eram obviamente adoradores do Demônio! Esse tipo de raciocínio é usado pela igreja ainda hoje. Os missionários, particularmente, tendiam a rotular todas as tribos primitivas que encontravam como adoradores do Demônio, apenas porque as tribos cultuavam um deus ou deuses que não eram o deus cristão. Não faziam diferença que as pessoas fossem boas, felizes e muitas vezes vivessem melhor do que o ponto de vista moral e ético do que a vasta maioria dos cristãos... elas tinham que ser convertidas!

Bruxos e Bruxas, além de comunidades tribais pelo mundo, foram acusados de adorar Demônios. O Demônio é uma invenção cristã e essa falácia criada pela igreja foi a justificativa para a morte de milhares. Na América Latina, os guardiões das florestas. O Papa Inocêncio VIII, em 1484, publicou a Bula contra as Bruxas, ao passo que dois anos depois, surge O Martelo das Feiticeiras com instruções de como perseguir Bruxas. Isso gerou uma fúria cruel e desumana por mais de trezentos anos. “Habitantes de vilas inteiras onde se suspeitava haver uma ou duas Bruxas morando eram enviados à morte aos brados de: ‘Matai-os todos... O Senhor reconhece os seus!’” . Qualquer semelhança com o atual momento que vivemos, não é mera coincidência!

O satanismo não tem relação com a Bruxaria, mas com o próprio Cristianismo. Quando o cristão entendeu que rezando para Deus sua vida não melhorava, começaram a rezar para seu adversário, Demônio. Apesar da igreja ter entendido a sátira do cristão, relacionou o Satanismo à Bruxaria.



Por outro lado, apesar dos esforços do Cristianismo em acabar com a Antiga Religião, e tendo-a enfraquecido com mais de trezentos anos de pessoas queimadas em fogueiras, a Bruxaria não foi e nem será extinta porque são 20.000 anos de história, Arte e filosofia. A Arte sobreviveu e em silêncio, Covens mantiveram a chama dessa tradição viva. Somente em 1951, quando na Inglaterra as últimas leis contra Bruxaria foram revogadas, os bruxos e bruxas começaram a reaparecer. Raymon Buckland foi o primeiro, nos Estados Unidos, a se reconhecer como Bruxo. Hoje, é possível escolher um leque de tradições a seguir: Gardineriana, Celta, Saxônica, Alexandrina, Druida, Algard, etc.



A Bruxaria é a religião do amor, é a relação do wiccano com a natureza, sem separação. O ser humano não está acima desta, ele pertence, é parte integrante. Seres vivos são irmãos e irmãs, árvores, rio, mar, animais... A natureza é a herança dos bruxos e bruxas. Em 1974, o Conselho de Bruxos Americanos adotou um Conjunto de Princípios de Cranças Wiccanas, entre eles, um que pratico: “Acreditamos que devemos buscar na natureza o que pode contribuir para a nossa saúde e bem-estar”.



Há muito a se conhecer e aprofundar até para sairmos da ignorância que alimenta o preconceito e o ódio. São mais de 500 páginas de livro que contribuem para isso e muito mais, que vai além da história. É um mergulho na Arte, cânticos, crenças, feitiços, fitoterapia, sonhos, astrologia, técnicas de meditação, indicação de leituras complementares, objetos, vestimentas e até exercícios ao final de cada capítulo. Por exemplo, no capítulo sobre Meditação, sonhos e Sabás menores, intitulado Lição Sete, o autor traz a origem da meditação e a importância dela na Bruxaria. A meditação é a arte de escutar, que seja o Eu interior, a Força Criadora, etc., e ela contribui para a maturidade do ser humano.

O conhecimento e a informação podem nos livrar de repetir uma história de barbárie contra nós mesmo. Se a Igreja Católica matou milhares em nome de um Deus, hoje vivemos sob o véu do ódio Neopentecostal, não à toa, que muitos bradam que retrocedemos. A alienação com o medo promovidos por grandes igrejas têm sidos a causa de muitas atrocidades. Raymon Buckland, em O Livro Completo De Bruxaria, honra a Religião Antiga, sem tentar colonizar ou ferir qualquer ser vivo neste planeta, seguindo o princípio Wicca, “Faça o que quiser, mas não prejudique ninguém”.

12 comentários:

  1. Oi, tudo bem? Nossa, eu amei demais saber sobre este livro! Eu tô planejando escrever um conto sobre bruxaria e esse livro veio muito a calhar, pena que é tão caro. Infelizmente não vou poder comprar para ler por ora, mas gostei demais de saber todas as informações. Eu não tenho religião, mas gosto demais de aprender sobre elas e, apesar de já ter lido um pouco sobre a wicca, sempre quero saber mais e mais, pois me fascina muito. Espero, um dia, poder lê-lo! Adorei a postagem, parece ser um livro incrível! Obrigada pela dica!

    Love, Nina.
    www.ninaeuma.blogspot.com

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  2. Olá!! :)

    Eu confesso que nunca tinha ouvido falar deste livro e que nao conhecia la muito bem essa tematica! Nem metade dos factos apresentados.

    ENfim, que bom que o autor tem conhecimento de causa e sabe defender a sua posiçao! Eu fiquei bastante curioso.

    Boas leituras!! ;)
    no-conforto-dos-livros.webnode.com

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  3. Não sou muito de ler sobre outras religiões, o que eu sei vem mais das redes sociais mesmo, umas threads no Twitter rsrs. Conheço a Wicca por conta da filha do Michael Jackson acredita? Acho interessante a relação da bruxaria com a natureza e essa ligação do amor, mas conheço só superficial.

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  4. Amo livros com esse conteúdo, pois sempre aprendo algo novo.
    Sem falar que essa edição está linda <3

    Sai da Minha Lente

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  5. Olá, tudo bem? Que interessante. Não tinha visto a bruxaria por essa perspectiva, o que me deixou bem curiosa sobre ler o livro. Pelo jeito teremos um novo olhar sobre a palavra e o ato, e acho que seria bem esclarecedor para as pessoas lerem. Irei conferir <3
    Beijos,
    http://diariasleituras.blogspot.com

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  6. Oi!
    Não conhecia esse livro, mas fiquei curiosa quanto ao autor colocar suas convicções em palavras, um fundamento em querer que Bruxaria é uma religião.
    Querendo ou não desde dos séculos atrás sempre foi falado o contrário. Gostei muito da sua resenha, fiquei instigada a conhecer mais do autor e saber mais desse livro. Obrigado pela dica, bjs!

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    1. Há quem diga que o Candomblé não é religião, a única coisa que sustenta essa ideia é a ignorância, ódio e preconceito. Enfim, a história sempre foi contada pelos olhos dos colonizadores e algozes, chegou a hora de acabar com isso.

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  7. Oiii tudo bom?

    Não é uma leitura que faria no momento, o tema não me chama a atenção mas achei mega interessante varios detalhes abordados na resenha. Interessante essa luta do autor pra que a Bruxaria seja reconhecia como religião, e os argumentos dele vão lá no passado, não tem como a gente não se surpreender né?

    Beijos

    www.derepentenoultimolivro.com

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  8. Eu estou curiosa com esse livro, acredito que ele tenha muitas coisas a ensinar e muitos tabus a quebrar. Não sabia sobre a origem do satanismo e como ele acabou se associando à bruxaria.

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  9. bons dias. É interessante conhecer mais sobre Bruxaria sem que ela esteja necessariamente ligada ao preconceito e aos ataques religiosos rasos e tendenciosos. É preciso desmistificar, não só a arte da bruxaria, mas outras áreas relegadas a maldição pelo discurso dominante de cada época do "desenvolvimento" humano, como as religiões de matriz Afro. Abraços.

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  10. É tanta ignorância que a gente lê e vê que eu fico com aquela expressão na cara que tu ja conhece bem RS


    🤦

    Desde que vi tu postando sobre esse livro qie eu fiquei muito curiosa pra ler, tu sabe que a temática me atrai muito, né? Hahaha pelo jeito, o autor é bem didático pra desmistificar o assunto, pra ver se entra na cabeça dos tapados, só se falta desenhar mesmo, porque olha...

    Já ta.na lista. Vou até jogar nos desejados.do skoob heheh
    Bjs

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O Poesia na Alma pertence ao universo da literatura livre, como um bicho solto, sem dono e nem freios. Escandalosamente poéticos, a literatura é o ar que enche nossos pulmões, cumprindo mais que uma função social e de empoderamento; fazendo rebuliço celular e sexo com a linguagem.

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