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Resenha – Morangos Mofados





Morangos mofados, quinto livro de Caio Fernando Abreu, publicado originalmente em 1982, e considerado uma das obras mais importantes do autor, ganhou em 2019 uma nova edição pela Companhia das Letras, com posfácio do escritor José Castello. Dividido em três partes, O mofo, Os morangos e Morangos mofados, o livro é composto por dezoito contos que narram a repressão, desespero, desesperança, depressão, melancolia, uso de drogas, preconceito, homossexualidade, tentativa de suicídio, loucura, solidão e caos.

Quanto a mim, a voz tão rouca, fico por aqui mesmo comparecendo a atos públicos, pichando muros contra usinas nucleares, em plena ressaca, um dia de monja, um dia de puta, um dia de Joplin, um dia de Teresa de Calcutá, um dia de merda enquanto seguro aquele maldito emprego de oito horas diárias para poder pagar essa poltrona de couro autêntico onde neste exato momento vossa reverendíssima assenta sua preciosa bunda e essa exótica mesinha de centro em junco indiano que apoia nossos fatigados pés descalços ao fim de mais outra semana de batalhas inúteis, fantasias escapistas, maus orgasmos e crediários atrasados.

Na primeira parte do livro, O mofo, Caio dará voz ao desespero e opressão na falta de diálogo, conflito existencial, homofobia, etc. Em Os morangos, a homossexualidade também ganha espaço, mas dessa vez, na descoberta sexual em plena ditadura militar, nas relações de trabalho.


E a cada dia ampliava-se na boca aquele gosto de morangos mofando, verde doentio guardado no fundo escuro de alguma gaveta.

Já na terceira parte, Morangos Mofados, há, no final, apesar da profunda melancolia, há um alento para a esperança, apesar do mofo, a simbologia de sonhar com novos tempos, ou novos morangos que não sejam mofados, que um dia já foram frescos e que ainda podem ser frescos.

Abriu os dedos. Absolutamente calmo, absolutamente claro, absolutamente só enquanto considerava atento, observando os canteiros de cimento: será possível plantar morangos aqui? Ou se não aqui, procurar algum lugar em outro lugar? Frescos morangos vivos vermelhos.

Morangos mofados é a mortificação social, a descrença diante da repressão e da subjetividade das experiências mais concretas do dia a dia, dos amores proibidos. uma contextualização histórica. Há também amor e esperança de dias melhores, a estranheza diante de um mundo frio e áspero ao diferente, ao semelhante que não é igual e não está postulado numa normativa, ao corpo não militarizado.

22 comentários:

  1. Olá!
    Quero muito ler esse livro, gostei da premissa e a edição está linda. Gosto muito de edições assim.
    Beijocas.

    https://www.parafraseandocomvanessa.com.br/

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  2. Nunca li nada do autor, mais morro de vontade, adorei suas considerações a respeito do livro!

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  3. Olá, tudo bem? Nunca li nada do autor, mas vejo falarem tanto desse livro que acho que irei ler ele em breve, haha. Adorei a resenha, parece ser uma leitura bem pesada, mas interessante!

    Beijos,
    Duas Livreiras

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  4. Sempre que alguém falava de Caio Fernando Abreu nas rodas de conversa que participei, rasgavam elogios a ele, mas nunca cheguei a ter um contato com as obras dele. Pela sua resenha, entendo os elogios e é tem algo que chama atenção, é interessante. Irei lê-lo assim que puder, acredito que vou adorar!

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  5. Eu sempre vejo gente falando desse livro e esse é um dos livros dele que eu ainda não li!
    Eu gosto muito da forma como ele sempre me entendeu sabe, toda vez que eu peguei um livro dele pra ler, parecia que ele tava conversando comigo, é uma coisa muito surreal.
    Adorei sua resenha e só me deu mais vontade ainda de ler!

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  6. Sou apaixonada por Caio Fernando Abreu. Até hoje, eu gostei de tudo que li dele, mas ainda não conheço Morangos Mofados (talvez conheça alguns dos contos, mas não o livro em si). Essa edição da Companhia das Letras parece ter ficado linda!

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  7. Olá, tudo bem? Acredita que nunca li nada do autor, apesar de sempre terem me recomendado, e ver que é um nome de peso?! Pois é, sua resenha me trouxe uma atenção para ele, e fiquei super curiosa com essa obra que trouxe. Dica anotada! Ainda mais que quero explorar mais contos. Adorei!
    Beijos

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  8. Aaah coisa linda meu amor aqui. 😍😍😍
    Essa primeira quote me mata. Amo demais. 💜
    Tô lendo o essencial da década de 70. Reler os contos de o inventário do ir-remediável é puro deleite e dor hahah

    Como sempre, arrasando nas tuas colocações sobre a leitura.
    Küss tschüss 💜🌻

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  9. Nossa, eu não conhecia esse livro ainda e nem o autor (como assim???) e achei a proposta dos contos bem interessante, gostei de ver seus comentários e fiquei curiosa para ler

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  10. Eu conheço algumas obra do autor e já tinha ouvido falar de Morangos Mofados. Porém eu nunca tinha lido ele e achei interessante a premissa. E é algo bem atual, mesmo tendo sido publicado em 1982.
    Bjks!

    Mundinho da Hanna
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  11. O bom de se ler textos melancólicos é o fato dele saírem originais, com todo o sentimento do escritor neles. Gosto demais. Fiquei bem interessado pelo livro.

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  12. Eu já tinha ouvido várias pessoas citarem esse livro, mas eu nunca soube a fundo do que se tratava. Fiquei bem interessada pelos contos e temas abordados. Acredito que seja uma leitura de grande valia.
    Vou incluir na minha lista!

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  13. Uaaaaauu.
    Que capa linda !! Sempre tive curiosidade de ler Caio Fernando Abreu, acho que é uma boa começar por esse romance.
    Ele é sempre citado em provas e legendas de fotos. Ótima resenha!

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  14. Olá!
    Nunca li nada do autor, mas já adianto que fiquei bem curioso para conhecer! Sua resenha está muito bem feita e essa capa é linda!

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  15. Super bacana poder conhecer esse quinto livro do autor Caio Fernando Abreu, que ganhou uma nova edição pela Companhia das Letras. Gostei da forma como você apresentou essa obra aqui. Nem imagino como deve ser descobrir a homossexualidade em plena ditadura militar, com toda essa opressão. Então vai ser interessante conferir esses contos que dão voz para esse e entre outros assuntos como melancolia, repessão e desesperança entre outros.

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  16. Caramba, essa capa ficou bem bonita. Eu não tinha visto ainda. Tenho uma amiga que apaixonadíssima nele. Dei até uma coletânea, que diz ela, vive beijando e abraçando. hahahaha
    Percebi, como já sabia, que o teor dos contos são bem fortes, né? Deve ser um misto de emoções essa leitura. Quero ler em algum momento da vida.
    Abraços

    Carol, do Coisas de Mineira

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  17. Olá!
    Que resenha ótima! Fiquei muito curiosa Gosto muito de livros de contos, e esse ainda não conhecia..
    Fiquei muito curiosa para saber como o autor trata da homossexualidade na ditadura, com certeza um tema bastante forte..
    Não conheci a edição anterior, mas essa está muito bonita
    Beijos,
    Subsolo da mente

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  18. Oi, tudo bem? Interessante a proposta do autor principalmente por trazer tantos temas diferentes. Assim como a Segunda Guerra, a Ditadura também deixou resquícios em nossa sociedade porém não falamos tanto disso como dos efeitos do nazismo por exemplo. O fato de ter sido dividido em três me deixou curiosa. Não devia ser nada fácil se assumir naquela época. Um abraço, Érika =^.^=

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  19. Olá,
    Lembro de ter lido Caio Fernando Abreu quando era bem nova e não ter entendido muito bem, creio que nos livros dele você ter algum tipo de conhecimento sobre o que ele propõe faz toda a diferença. Gosto das capas dessa série, e acho que hoje em dia eu aproveitaria mais o livro.

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  20. Olá!
    Já li obras do autor, mas não este livro. Gostei muito da sua indicação, confesso que me passou batido entre os demais livros dele.
    bjs
    Lucy - Por essas páginas

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  21. Oi Lilian, tudo bem?
    Caio Fernando Abreu SEMPRE é uma excelente indicação e todo mundo que gosta de contos com qualidade, tem que ler esse autor pelo menos uma vez na vida. Eu li alguns contos dele, mas nunca cheguei a uma obra inteira. Melhor eu suprir essa falta, kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk.
    Um beijo de fogo e gelo da Lady Trotsky...
    http://www.osvampirosportenhos.com.br

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  22. BEIJOQUINHAS NO BUMBUM

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O Poesia na Alma pertence ao universo da literatura livre, como um bicho solto, sem dono e nem freios. Escandalosamente poéticos, a literatura é o ar que enche nossos pulmões, cumprindo mais que uma função social e de empoderamento; fazendo rebuliço celular e sexo com a linguagem.

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