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Resenha - Dona Bárbara - um clássico venezuelano

 

By imagem  - elsumario


Dona Bárbara, publicado pela primeira vez em 1929, é um romance de caráter regionalista do autor e político venezuelano Rómulo Gallegos Freire (1884-1969). Nascido em Caracas, Rómulo chegou a ser Presidente da Venezuela por alguns meses, em 1948, em seguida foi derrubado por um golpe Militar e é expulso do país. Além de político, seu trabalho como Educador foi notório, porém, sua contribuição como escritor fez dele uma importante figura da América Latina no século XX.

 

Dona Bárbara foi traduzido pela primeira vez no Brasil em 1948 por Jorge Amado, com segunda tradução em 1970 novamente por Jorge Amado. 50 anos depois, com a editora Pinard, por meio de financiamento coletivo, o livro ganha nova tradução e edição no Brasil. Ao todo foram impressos 1000 exemplares. Eu li a versão e-book, no UbookApp, da editora Pinard com tradução de André Aires.

 

By imagem editora Pinard

Bárbara, personagem que dá nome ao livro, é cabocla e ainda jovem sofre um estupro coletivo, depois disso, decide que nunca mais será subjugada por nenhum homem.

 

“Ela só recordava que havia caído de bruços, derrubada por uma comoção súbita e lançado um grito que se desgarrou de sua garganta. O restou aconteceu sem que ela se desse conta, e foi: o estalo da rebelião, a morte do capitão e em seguida a de El Sapo, (...) e o banquete de sua donzelice para os vingadores de Asdrúbal. (...) já estava todos fartos e um dizia: - Agora podemos vende-la ao turco, ainda que seja pelas vinte onças que ele ofereceu antes.”

 

Nesse contexto, Bárbara sai de vítima a algoz e a Terra , ou a região dos llanos, é a grande protagonista desse romance onde uma longa disputa entre civilização e barbárie é travada. Enquanto Dona Bárbara passa a ser a própria representação da barbárie, tornando-se tão temida quanto desejada por seus atributos físicos; Santos Luzardo é representação da vida civilizada, formado em direito, decide cuidar das terras que recebeu de herança do pai em parte já furtada por Dona Bárbara.

 

É inegável que Bárbara é assustadora, cruel, mas também uma personagem única, diferente das mulheres da região, ela rompe com estereótipos, os homens, depois do estupro que sofreu, são objetos de seus desejos de cada vez ser mais poderosa, o chamado ‘extinto maternal’ também é outro estereótipo que a personagem rompe, não permitindo que seu nome seja colocado na certidão de nascimento da filha e a abandonando a própria sorte com um pai alcoólatra.

 

Bárbara é a representação de uma natureza indomável, porém, o autor explora a personagem em tantos aspectos que ela também é uma representação do momento histórico que a Venezuela passava na década 1920 com a exploração do petróleo e a ditadura de Juan Vicente Gomes.

 

A leitura de Dona Bárbara e conhecer um pouco mais do trabalho da editora Pinard, foi uma alegria para mim. Inclusive, quero contribuir para outros projetos de financiamento da editora. Entretanto, minha ressalva, bastante pessoal por sinal, é que esse é um livro que preciso reler o físico, a leitura em e-book não foi uma experiência prazerosa neste caso. Como nem tudo é problema, acompanhando a editora pelo instagram, descobri que seu novo trabalho é com a obra da autora chilena que aprecio Gabriela Mistral, espero consegui o livro físico.


27 comentários:

  1. Oi Lilian, sua linda, tudo bem?
    Dessa vez a história não me atraiu, acredito que esse não é o meu estilo de leitura. Mas para quem curte, eu achei muito legal a editora conseguir trazer o livro pelo projeto de financiamento. Outras estão fazendo o mesmo e está dando super certo. Estão conseguindo colocar o mercado brasileiro obras que antes não teríamos acesso, acho isso muito importante. Sua resenha ficou ótima!!!
    beijinhos.
    cila.

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  2. Desde que tu me falou dessa leitura, fiquei doidinha pra ler tbm. Mas não sei se topo ler em ebook ou se espero ter a chance de comprar o físico. Sabes que amo obras dessa vibe, que trazem críticas sociais e tenham uma ambientação que faço alusão a eventos históricos.
    Certeza que quero ler Dona Barbara. Hehe

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    1. Quando entrei no site da editora, o livro já estava esgotado, mas garanti o de Gabriela Mistral.

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  3. Não conhecia esse livro, aliás, um livro bem a frente do seu tempo. Uma mulher que rompe com tudo que era esperado dela àquela época. O curioso é que o nome Bárbara é um nome forte na história do Ceará com Bárbara de Alencar, uma revolucionária da Confederação do Equador que ficou presa no Forte Schoonenborch, foi a primeira presa política do Brasil e é avó do escritor José de Alencar. Porém nada tem a ver com a Bárbara da ficção venezuelana de Gallegos. Abraços.

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    1. Gostei da referência. Só lamento não ter lido o físico, a versão digital foi sofrível, mas não vou desistir ^^

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  4. Oi Lilian!!

    Nossa eu nunca tinha ouvido falar desse livro, agora fiquei super curiosa. Acho incrivel como desde sempre essas figuras femininas que rompem com as expectativas do que se espera de uma mulher, só é triste que pra isso ela tenha que ter passado por uma situação tão horrivel.
    A Capa desse livro é muito bonita, acho que vou apostar na leitura dele pelo digital mesmo, adorei a dica!!

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    1. Oi, Bianca. Também achei essa capa fantástica, aliás, toda a edição da editora.Bárbara é uma personagem única e peculiar, infelizmente, o contexto sofrível que ela está inserida não ajuda muito, de certo modo, não muito distante de outras histórias que ainda encontramos... Mas o livro é bem mais profundo e maior que a própria personagem Bárbara.

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  5. Olá! Eu terminei ontem a leitura do e-book (não consegui a cópia física), e fiquei maravilhada com a obra: história, tradução, sonoridade, etc. E, apesar das limitações da versão digital, achei que não atrapalha a imersão no universo da história. Ler a obra física, seria melhor, mas melhor ler a digital do que não ler! Uma preciosidade!

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    1. Oi, Aparecida, obrigada por visitar o blog. Também não consegui a versão física, já esgotou. Infelizmente, a leitura em e-book para mim foi sofrível, realmente a obra é extraordinária e acredito que é possível explorar muito mais em uma resenha, porém, minha dificuldade com leitura digital não ajudou.

      Fico feliz que você tenha se adaptado e aproveitado bem mais que eu a leitura em e-book, porque ao final a sensação que me ocupou a mente é que essa obra deveria ser mais acessível a todos e todas. "mas melhor ler a digital do que não ler! " concordo plenamente.

      Em virtude de minha dificuldade, pretendo reler a obra e quem sabe até modificar a resenha mais para frente. Afinal, o livro é muito mais profundo do que explanei aqui.

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  6. Oi Lilian!

    Eu não conhecia o autor e nem a obra, mas fiquei realmente impressionado como a premissa dele é forte e de certa forma pesada né? Para um livro tão "antigo" ele traz uma narrativa bem avançada, sem dúvidas essa séria uma leitura interessante, espero conseguir realiza-la em algum momento.

    Beijos!
    Eita Já Li

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    1. Pois é, é um livro e um autor poucos conhecidos, mas de grande força na produção Latino americana tão importante como Machado de Assis. Espero que você tenha a oportunidade de ler.

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  7. que leitura do caralho kkkk, só achei essa palavra pra definir a vida e história de barbara, eu amei que ela rompeu com estereotipos principalmente o materno, é algo bem pesado pra mulher isso e ler que ela abandonou a filha me impactou de um modo assustador e diferente.

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    1. É um mega livro é Bárbara é uma personagem instigante.

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  8. Eu gosto de obras regionalistas, essa parece ser interessante, mas alguns comentários acima me deixaram pensativos se irei ler agora, mas a decisão ainda não foi tomada.

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  9. Ah, torcendo para que você consiga adquirir o livro físico, já que a história te agradou e vale a pena. Eu tenho um pouco de dificuldades de ler esse tipo de literatura. Meio que mexe com coisas que não sei se quero lidar... Mas, isso é de leitor pra leitor, né? Parece ser uma obra riquíssima. E achei a arte da capa e marcador muito marcantes. Adoro essa pegada colorida.
    Abração

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    1. Também estou torcendo para consegui o livro físico 😍😍😍😍😍

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  10. Eu pouco sabia sobre esse romance de caráter regionalista do autor e político venezuelano citado acima. Fiquei bem reflexiva pelo que contou e apresentou sobre o conteúdo! O contexto pareceu ser muito bem trabalhado pra dar certo ao introduzir esse enredo e personagens! Um enredo com uma personagem de grande força e impacto.

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    1. Isso, Bárbara é impactante em diversos sentidos. Obviamente o livro tem outros personagens que não consegui me aprofundar.

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  11. Eu não sabia que tinha sido Jorge Amado a traduzir Dona Bárbara pro português, fiquei chocada com essa informação. Eu só conheci de nome quando estava passando por textos e nada mais. Que incrível!

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  12. Eu nunca li nada da Venezuela, acredita? Sempre tem uma primeira vez pra tudo e eu gosto muito desse empoderamento feminino, mesmo que seja levado como algo maligno. Fiquei bem curiosa!

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  13. Oi Lilian! Que obra de enredo forte e importante. Eu tenho lido muito em cima desse tema e acho cada vez mais importante a valorização de obras antigas e de referência. Espero que consiga o físico em breve!

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  14. Olá, tudo bem? Parece muito impressionante, ademais por ser uma obra que apresente uma personagem ímpar. Fiquei hiper curiosa, e além do mais conheci uma nova editora. Adorei a sua resenha e com certeza é dica anotada!
    Beijos

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  15. Olá,
    Que interessante ela ser uma personificação do momento do país, acho que eu nunca pensaria nisso se lesse o livro. Gostei também de ela se reinventar após tudo o que ela passou.
    Entendo o negócio de ser dificil ler em ebook, sempre mais complicado pra mim também.

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  16. Suas postagens são ótimas, estou seguindo seu blog e curtindo bastante!! Parabéns!

    Meu Blog: Alícia Alves

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  17. Vi a telenovela Doña Bárbara na CNT. Vez ou outra lembro da história e hoje resolvi iniciar a leitura do livro após essa resenha.

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O Poesia na Alma pertence ao universo da literatura livre, como um bicho solto, sem dono e nem freios. Escandalosamente poéticos, a literatura é o ar que enche nossos pulmões, cumprindo mais que uma função social e de empoderamento; fazendo rebuliço celular e sexo com a linguagem.

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